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segunda-feira, 1 de março de 2010

Pop 80 não resiste à 'malhação' da turma atual


Resenha de CD
Título: Malhação ID
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: *

A trilha sonora da temporada de 2010 do seriado juvenil Malhação - em cujo nome foi adicionado um ID porque em tese as atuais personagens da trama estão à procura de identidade - é conceitual. Sim, há um conceito: bandas projetadas nos anos 2000 foram recrutadas para regravar hits do pop rock da década de 80. O resultado é ruim, como pode ser conferido no CD Malhação ID, recém-lançado pela Som Livre com a trilha sonora da atual temporada do seriado exibido pela Rede Globo. O único nome que realmente acrescenta algo de novo e bom à música que regrava é Bonde da Stronda, que traz Tic Tic Nervoso para o universo do funk. Lançado em 1984 com êxito nacional, o sucesso da banda Magazine se ajustou perfeitamente à batida tensa dos bailes da pesada. Já o NX Zero põe seu uniforme peso emo em Um Certo Alguém (Lulu Santos, 1983) enquanto o Fresno dilui os sentimentos e a beleza da balada Lanterna dos Afogados (Paralamas do Sucesso, 1989). Por sua vez, Hevo 84 sintoniza mal o apelo tecnopop de Rádio Pirata (RPM, 1985). Chimarruts erra ao pôr em Meu Erro (Paralamas do Sucesso, 1984) a mesma aguada batida de reggae com que Jammil desgasta A Fórmula do Amor (Leo Jaime, 1985) e Marauê se perde na Sonífera Ilha (Titãs, 1984). Perdidos na Selva (Gang 90, 1981) também estão os músicos do Seu Cuca, afogados na tentativa de emergir na new wave de Júlio Barroso. Sem senso de humor, Catch Side expõe Ciúme (Ultraje a Rigor, 1985) com a mesma burocracia com que Jullie avisa que Tudo Pode Mudar (Metrô, 1985). Vai ser difícil também atender a súplica de Babi em Me Chama (Lobão, 1984) se a referência for a gravação do autor ou a de Marina Lima. Enfim, o CD Malhação ID somente reforça o fato - óbvio - de que a geração 2000 do pop nacional não herdou o talento da heróica turma dos 80 e tampouco a pegada das bandas dos 90, que seguiram outras trilhas, mas com a personalidade e a alma que inexistem nestes grupos atuais que parecem fabricados em linha de montagem. Ainda bem que, por problemas jurídicos de autorização, a Legião Urbana ficou fora dessa trilha malhada

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